Câmara Brasileira do Livro, organizadora do prêmio, desclassificou a obra ‘Frankenstein’ ao alegar que ‘a avaliação de obras que utilizam IA em sua produção não estava contemplada nas regras’.
Depois da repercussão envolvendo a indicação da obra Frankenstein (Clube de Literatura Clássica) entre os semifinalistas da 65ª edição do Prêmio Jabuti, a Câmara Brasileira do Livro (CBL), organizadora da premiação, informou nesta sexta-feira (10) que a obra está desclassificada por conta do uso de inteligência artificial.
Semifinalista na categoria Ilustração, a obra tinha desenhos atribuídos ao designer Vicente Pessôa com utilização de inteligência artificial, o que causou a revolta de artistas e outros profissionais do mercado editorial.
Segundo o comunicado oficial da CBL, “as regras da premiação estabelecem que casos não previstos no Regulamento sejam deliberados pela Curadoria, e a avaliação de obras que utilizam IA em sua produção não estava contemplada nessas regras”.
“A utilização de ferramentas de inteligência artificial tem sido objeto de discussão em todo o mundo, em razão dos princípios de defesa dos direitos autorais. Considerando a nova realidade de avanços dessas novas tecnologias, a organização do prêmio esclarece que a utilização dessas novas ferramentas será objeto de discussão para as próximas edições da premiação”, diz ainda a nota.
Nas redes sociais, um dos jurados da categoria, o escritor e desenhista André Dahmer, afirmou que nem ele nem a organização do Prêmio sabiam que se tratava de uma obra híbrida. “Toda essa história carece de debate”, escreveu. “Sei dos limites éticos e jurídicos do uso de imagens que já existem para a produção de outras, ‘novas’. Em defesa do autor, no livro constava a coautoria de um robô. Então, não houve má fé no ato da inscrição”. Dahmer conta ter sugerido ao Jabuti a criação de uma categoria de ilustração e literatura com auxílio de IA “já no próximo ano”.
Desde o anúncio, repercutiu nas redes sociais uma carta aberta à Câmara Brasileira do Livro assinada por autores, ilustradores e profissionais do livro, se colocando contra o uso da inteligência artificial. Entre os posicionamentos, autores têm utilizado a hashtag #ianãoéautor.
A CBL informou ainda que uma nova obra entrará no lugar da desclassificada e o nome será atualizado no site da premiação em breve.
Confira a íntegra do comunicado da CBL:
A Câmara Brasileira do Livro (CBL), organizadora do Prêmio Jabuti, informa que a obra “Frankenstein”, editada pelo Clube de Literatura Clássica, que utilizou ferramentas de inteligência artificial (IA), foi revista e desclassificada. As regras da premiação estabelecem que casos não previstos no Regulamento sejam deliberados pela Curadoria, e a avaliação de obras que utilizam IA em sua produção não estava contemplada nessas regras.
A utilização de ferramentas de inteligência artificial tem sido objeto de discussão em todo o mundo, em razão dos princípios de defesa dos direitos autorais. Considerando a nova realidade de avanços dessas novas tecnologias, a organização do prêmio esclarece que a utilização dessas novas ferramentas será objeto de discussão para as próximas edições da premiação.
Fonte: Publish News Imagem: O Globo