Greve foi encerrada na madrugada desta quarta-feira (27) depois de quase 150 dias. Entre os pontos do acordo com os estúdios está a proteção contra uso de inteligência artificial.
A greve dos roteiristas em Hollywood, nos Estados Unidos, encerrou na madrugada desta quarta-feira (27) após 148 dias de paralisação. O sindicato da categoria (WGA, na sigla em inglês) aprovou, depois de votação, um acordo fechado com os representantes dos estúdios.
Os atores representados SAG-AFTRA permanecem em greve, iniciada em julho.
O resumo do acordo com os roteiristas, que foi distribuído entre os mais de 11 mil integrantes do sindicato, aponta o aumento de salários e pagamento de residuais, pagamentos baseados no sucesso se programas em plataformas de streaming e proteção contra o uso de inteligência artificial.
Veja quais foram as principais conquistas no acordo entre os roteiristas e os estúdios.
Bônus e dados no streaming
O acordo estabelece um sistema de bônus aos roteiristas com base na audiência em serviços de streaming.
Os escritores já recebem um residual dos programas feitos para serviços de streaming, mas a WGA queria estabelecer um sistema que recompensasse estes roteiristas se o seu trabalho atraísse grande audiência nas plataformas de streaming.
Até então, o pagamento aos roteiristas é feito antecipadamente e eles não recebem a mais caso o programa tenha grande repercussão.
O WGA exigiu também mais transparência com os dados de audiência. O acordo prevê que o sindicato receba métricas confidenciais de audiência para programas de streaming originais com base nas horas assistidas. Os dados agregados podem ser compartilhados.
Número mínimo de roteiristas
O contrato estabelece um número mínimo de pessoal para as salas de roteiristas de TV, a depender da duração da temporada. Para séries com até seis episódios, devem ser contratados três roteiristas, por exemplo. Para programas de 13 ou mais episódios por temporada, a equipe mínima é de seis roteiristas, que podem incluir três roteiristas-produtores.
Esta era uma das principais demandas entre os roteiristas. Na era do streaming, as temporadas na TV ficaram mais curtas e, com isso, as salas dos roteiristas encolheram. Isso significou menos espaço para os roteiristas que têm de emendar um trabalho no outro para conseguir se sustentar.
O aumento do uso de “minisalas”, nas quais uma equipe de roteiristas analisa uma temporada de um programa antes do início da produção, limitou a capacidade dos roteiristas em início de carreira de ganhar experiência em produções de TV.
Uso de inteligência artificial
Este novo acordo do WGA regulamenta o uso de inteligência artificial pelos estúdios. Segundo o contrato, as produtoras devem informar aos roteiristas se os materiais fornecidos a eles foram gerados por IA ou se tem partes geradas por IA dentro do material.
O uso de IA é um ponto sensível da indústria do entretenimento. Os estúdios encontraram maneiras de tornar o processo de desenvolvimento e produção mais eficiente. A rápida ascensão do ChatGPT e outras tecnologias similares chamaram atenção dos roteiristas que acreditam que a “eficiência” seja uma ameaça aos empregos.
Segundo informações do site o jornal “LA Times”, este foi um dos pontos finais e mais difíceis a ser debatido, já que nem o sindicato nem os estúdios querem ficar presos a um acordo desenhado em um cenário que pode mudar em poucos anos.
Aumento de salários
Segundo o documento enviado aos integrantes do sindicado, haverá aumento das remunerações para os roteiristas. O contrato de três anos para filmes e programas de TV tem aumento de salário de 5% no primeiro ano, seguido por 4% no segundo, e 3,5% no terceiro. Bases residuais e salários mínimos selecionados receberão aumentos menores ou aumentos únicos.
Fim da greve
A WGA e a Aliança de Produtores de Cinema e Televisão (AMPTP, na sigla em inglês), que representa as grandes empresas de entretenimento na frente trabalhista, chegaram ao pacto no domingo, após 148 dias de paralisação e protestos que praticamente fecharam a produção de filmes e roteiros de TV.
Atores representados pela SAG-AFTRA permanecem em greve, iniciada em julho.
O conselho da WGA do Oeste e do WGA Leste aprovaram o acordo, que foi recomendado por unanimidade pelo comitê de negociação do sindicato. O WGA disse que a greve terminaria oficialmente nesta quarta-feira (27). A ratificação do acordo deverá ocorrer em outubro.
Segundo o jornal “LA Times”, o sindicato informou que o acordo foi de US$ 233 milhões, acima dos US$ 86 milhões oferecidos pela AMPTP.
“Este contrato – conquistado com o poder da solidariedade dos membros e dos nossos irmãos sindicais durante uma greve de 148 dias – incorpora ganhos e proteções significativos para escritores em todos os segmentos dos membros”, disse o sindicato no comunicado.
“Nos sentimos ótimos. Vencemos”, disse a presidente da WGA do Oeste, Meredith Stiehm, em uma entrevista.
Fonte: G1