Dez anos se passaram desde que a AgroBrasília teve início para ser vitrine tecnológica do setor agropecuário. O resultado dessa caminhada está refletido no volume de negócios concretizados, ao longo da década, e na expectativa da organização da feira de que sejam movimentados R$ 650 milhões em 2017. Fora o aspecto econômico, contudo, a edição deste ano toca em tema sensível a produtores rurais do Centro-Oeste e de outras regiões do Brasil: a questão hídrica. O evento começou terça-feira, no Parque Tecnológico Ivaldo Cenci, na área rural de Planaltina, e termina amanhã.
Edson Martins Bispo, 34 anos, veio de Minas Gerais para acompanhar as novidades do setor agropecuário e melhorar os resultados de sua propriedade. Produtor de leite, ele elogia a ascensão da feira no cenário nacional. “Ela está crescendo. A cada ano, são muitas inovações. Vi a apresentação do gado e estou decidindo se levo uns dois”, comentou.
A estrutura montada a 60km do Plano Piloto conta com exposições de 430 empresas e espera receber quase 100 mil visitantes nos cinco dias de evento. “A AgroBrasília nada mais é que o reflexo dessa região para o agronegócio”, explica o coordenador-geral da feira, Ronaldo Triacca. Para ele, o Planalto Central é uma das localidades do país com maior potencial de ampliação da produtividade atualmente.
Desde que foi inaugurada, a feira agropecuária anual tem influenciado diretamente a eficiência e o sucesso de produtores do Distrito Federal, assegura Triacca. “Assim como a feira cresceu em produção, o DF também cresceu em torno de 22%”, ressaltou ele, produtor rural.
Com um estande exclusivo na AgroBrasília, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) participa da feira desde 2007. Nesse ano, ela leva ao evento diversas inovações tecnológicas para incrementar a produtividade de cultivadores e criadores. “Temos aqui duas novas variedades de soja que já crescem no centrão”, apontou Rogério Novais Teixeira, 54 anos, analista da Embrapa Produtos e Mercado.
Rogério explicou que as variedades são feitas com materiais precoces, de modo a encurtar o ciclo da soja e permitir o cultivo de outros alimentos. “A gente conta aqui com apoio da Emater-DF, que é quem transfere a nossa tecnologia ao produtor”, lembrou. “O agricultor, sendo usuário dessa tecnologia, a transfere à sociedade”, completou.
Em tempos de racionamento de água no DF, a edição de 2017 da AgroBrasília apostou em tema relevante aos produtores rurais da região central do Brasil. A programação reservou para ontem uma série de palestras sobre gestão hídrica. Os painéis coordenados por professores serviram para introduzir técnicas rurais que melhorem o aproveitamento da água nas propriedades.
Uma das palestrantes, Mirta Petry, especialista em engenharia de água e solo da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), falou sobre algumas soluções para os produtores sobreviverem a uma crise hídrica. “A gente recomenda trabalhar com métodos combinados, ou seja, ter uma medição das condições meteorológicas e, ao mesmo tempo, ter sensores de monitoramento da umidade do solo.”
Fonte: Correio Braziliense