O Brasil perdeu mais 6 posições no ranking das economias mais competitivas do mundo, caindo para a 81ª colocação em 2016 -– a pior posição já atingida no ranking de competitividade elaborado desde 1997 pelo Fórum Econômico Mundial.
A pior colocação até então tinha sido o 75º lugar, registrado no ano passado. Em 4 anos, o Brasil caiu 33 posições, revelando o agravamento da crise econômica e o declínio da produtividade no país. Veja gráfico acima
O ranking de 2016 avalia 138 países e foi divulgado nesta terça-feira (27) no Brasil pelo Fórum Econômico Mundial em parceria com a Fundação Dom Cabral (FDC). O levantamento é uma espécie de termômetro do nível de produtividade e das condições oferecidas pelos países para gerar oportunidades e para que as empresas possam obter sucesso.
Após 4 anos consecutivos de perda de posições, o Brasil está, agora, abaixo de países como Albânia, Armênia, Guatemala, Irã e Jamaica, além de ter ficado ainda mais atrás de países comoChile(que subiu 6 posições, para 51º lugar) África do Sul,México, Costa Rica, Colômbia, Peru e Uruguai. Veja lista completa mais abaixo
O ranking é calculado a partir de dados estatísticos e de pesquisa de opinião realizada com executivos dos 138 países participantes. Segundo o Fórum Econômico Mundial, 118 variáveis são analisadas e agrupadas em 12 categorias: instituições, infraestrutura, ambiente macroeconômico, saúde e educação primária, educação superior e treinamento, eficiência do mercado de bens, eficiência do mercado de trabalho, desenvolvimento do mercado financeiro, prontidão tecnológica, tamanho de mercado, sofisticação empresarial e inovação.
Fatores determinantes para a queda
O relatório destaca que a economia brasileira foi afetada no último ano pela deterioração de fatores considerados básicos para a competitividade, como ambiente econômico, desenvolvimento do mercado financeiro e, principalmente, capacidade de inovação.
“É como uma maratona, se você não corre, a turma toda passa na sua frente. E fomos ultrapassados por muitos porque ficamos parados”, diz Carlos Arruda, professor da FDC e coordenador da pesquisa no Brasil. “O Brasil tem marco regulatório atrasado, infraestrutura deficiente e qualidade humana deficiente. Isso tudo gera perda de produtividade”, acrescenta.
Ele destaca entre as consequências da perda da competitividade, além da redução da atratividade para investimentos, está a deterioração do mercado de trabalho e da renda.
A “boa notícia”, segundo o coordenador da pesquisa, é que os indicadores apontam que o Brasil chegou “ao fundo do poço”. “Todos os indicados sugerem que o Brasil chegou na sua pior posição”, diz Carlos Arruda, citando a melhora dos índices de confiança e o ambiente político mais favorável para aprovação de reformas e atração de investimentos.
“Se o país fizer reformas, melhorar a gestão pública, simplificar o marco regulatório, modernizar a legislação trabalhista e previdenciária, isso terá um efeito fantástico na posição do Brasil. Foi o que aconteceu com o México e está acontecendo com a Índia e a Colômbia. Esse é o ‘para casa’ do passado”, afirma o coordenador da pesquisa.
Entre as oportunidades promissoras para o país, o relatório cita: a maior inserção internacional; espaço para o investimento privado; a internacionalização das empresas brasileiras; nova pauta de inovação tecnológica; e simplificação e modernização dos marcos regulatórios.
Suíça e Cingapura lideram ranking
Já os principais desafios para se fazer negócios no Brasil apontados por executivos em pesquisa de opinião foram: tributação, corrupção, leis trabalhistas e ineficiência da burocracia estatal.
“O desenvolvimento da competitividade brasileira só será possível a partir da incorporação de tecnologias, amadurecimento das empresas e empresários, aumento da produtividade e ganhos de comércio internacional, desenvolvida e orientada via uma agenda clara e transparente”, conclui o relatório.
A edição 2016 do ranking não trouxe alterações nas 3 primeiras posições. A Suíça segue em 1º lugar pelo oitavo ano consecutivo. Além de líderes em inovação e sofisticação, os suíços têm registrado taxa de desemprego estável e ganhos reais de salário.
Cingapura e Estados Unidos seguem na 2ª e 3ª posições, respectivamente. Holanda e Alemanha inverteram as posições, completando o top 5. Suécia e o Reino Unido aparecem na sexta e sétima posições. Japão e Hong Kong caem duas posições cada, e Finlândia ficou em 10º lugar.
Entre as características comuns dos países líderes do ranking, o relatório destaca a capacidade de se inserir na chamada quarta revolução industrial, caracterizada pelo desenvolvimento de tecnologias de fronteira como computação cognitiva, robótica, internet das coisas, biotecnologia e impressão 3D.
O Chile é o país da América Latina mais bem posicionado, subindo do 35º para o 33º lugar, seguido do Panamá (42º lugar).
China aparece na 28ª posição. Já a Índia ganhou 16 posições, saltando para o 39º lugar.
Os menos competitivos
Iêmen, Mauritânia, Chade, Burundi e Malaui ocupam, pela ordem, os últimos lugares do ranking.
Fonte: G1