SÃO PAULO – Pelo menos 26% dos brasileiros têm o hábito de consumir produtos contrabandeados. Eletrônicos, roupas, calçados, DVDs e cigarros estão entre esses produtos. A constatação está em pesquisa feita pelo Datafolha a pedido do Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial (Etco) e divulgada na manhã desta quarta-feira. No total, duas mil pessoas de todo o país foram entrevistadas.
Mesmo após receberem a informação de que o contrabando favorece a violência, 46% daqueles que admitiram comprar produtos ilegais disseram que continuariam adquirindo os itens; 44% afirmaram que deixariam de comprar.
O índice de consumo de produtos ilegais é ainda maior entre os brasileiros de 25 a 34 anos e também nas classes D e E, ultrapassando 30%. Os entrevistados apontam a diferença de preço entre o produto legal e o contrabandeado como fator decisivo na hora de comprar.
— É uma vantagem financeira que os criminosos têm em função da disparidade tributária entre o Brasil e o Paraguai. É necessária uma revisão dos impostos sobre os produtos nacionais para que tenhamos plena legalidade do mercado interno e mais segurança — disse Evandro Guimarães, presidente do Etco.
O material mostra que, para 49% dos entrevistados, o governo federal é o principal responsável pela entrada dos produtos contrabandeados; 20% responderam não saber quem é o responsável; 8% apontaram a falta de policiamento como a culpada; 7% disseram que a responsabilidade da entrada de produtos ilegais é de quem compra os itens.
— A sociedade também está ciente da omissão do governo federal e de outras autoridades na entrada de produtos contrabandeados no Brasil e, consequentemente, do aumento da criminalidade, como o tráfico de drogas e de armas — afirmou Guimarães.
Já 75% sabem que o comércio dessas mercadorias ilegais favorece o crescimento da violência e da criminalidade.
Para 87% dos consumidores consultados, a alta carga tributária sobre os produtos nacionais é o que favorece o aumento do contrabando. Quase a totalidade dos brasileiros (90%) é a favor da revisão de impostos sobre os produtos legais para tornar o seu preço mais acessível e mais competitivo em relação aos ilegais.
De acordo com dados do Etco, o Brasil perde anualmente cerca de R$ 115 bilhões com o comércio de mercadorias ilegais, montante que seria suficiente para construir 974 hospitais, ou 57 mil creches ou ainda 22 mil escolas públicas, segundo o instituto.
Fonte: O Globo